Uso correto do agrotóxico reduz danos à saúde humana e ao meio ambiente.
Numa época em que a consciência dos consumidores obriga os produtores rurais a experimentarem técnicas de produção orgânica de alimentos, ainda há quem prefira o método convencional de uso de adubos químicos e defensivos agrícolas. Mas, mesmo neste caso, o conhecimento do emprego adequado dos agrotóxicos pode reduzir muito os possíveis danos à saúde de quem aplica, dos consumidores e também ao equilíbrio da natureza.
Para quem não domina a agricultura orgânica, os agrotóxicos podem muitas vezes ser mesmo a “salvação da lavoura”. Mas é muito mais comum que sejam os vilões da saúde e do meio ambiente, por causa do erro na preparação e aplicação desses produtos. Nessa hora, surgem muitas dúvidas sobre o que realmente são, onde estão presentes e sobre a possibilidade de fazerem mal a nós.
A expressão “defensivo agrícola” é uma maneira mais bondosa de dizer “pesticida”, palavra que significa “aquilo que mata uma praga”. Pesticidas são substâncias químicas formuladas especialmente para serem tóxicas a determinados organismos, provocando sua morte. Eles podem ser classificados em três categorias: os herbicidas (matam outras plantas), inseticidas (matam insetos) e os fungicidas (matam fungos).
O defensivo agrícola ideal seria aquele que atacasse somente os organismos que se quer combater, sendo inofensivo a outros que também se encontram no ambiente. Entretanto, não é bem isso o que acontece. Quando o ser humano, por desinformação ou descaso, contraria as regras básicas de aplicação e controle de uso, temos os motivos dos diversos problemas causados por estas substâncias.
O uso de defensivos agrícolas é muito difundido dentro e fora do meio rural. Seu emprego vai do controle de pragas nas plantações à eliminação de plantas daninhas nos jardins domésticos e ruas. Esse é o caso de um dos produtos mais utilizados em nosso município: o glifosato, comercializado pela empresa Monsanto com o nome de Roundup (randape).
Uma pesquisa feita com populações agricultoras de Ontário, no Canadá, que é um país desenvolvido, mostrou que a exposição ao glifosato quase dobrou o risco de abortos espontâneos precoces. Na França, pesquisadores da universidade de Caen mostraram que o glifosato é tóxico para as células da placenta humana e matam uma grande parte delas após 8h de exposição em concentrações menores do que as utilizadas na agricultura. Novas pesquisas mostram que breves exposições ao glifosato comercial causaram danos no fígado de ratos. Nesse estudo, o glifosato e outros compostos presentes no produto agem juntos para aumentar os danos ao fígado.
As principais causas de exposição aos pesticidas são: não seguir as orientações para a diluição na proporção certa, aplicar em locais próximos a nascentes, poços e cursos d’água, e principalmente resistir à utilização dos equipamentos de proteção (luvas, máscara para produto químico e vestimenta). O uso destas substâncias de forma incorreta pode ser muito prejudicial para a saúde da pessoa que o manuseia, de pessoas que moram nas proximidades, e até mesmo para aqueles que moram em áreas distantes quando fazem uso de água contaminada.
Outro fato comum é o desconhecimento sobre o tempo que o produto permanece na planta antes de ser totalmente eliminado e poder ser feita a colheita. A ingestão destas substâncias pode trazer conseqüências graves, muitas da quais ainda não são bem conhecidas. Mas já há estudos brasileiros relacionando o uso de certos pesticidas com a ocorrência exagerada de depressão e problemas psiquiátricos no Sul de Minas.
Qualquer pessoa pode procurar a EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) para se informas sobre as formas corretas de uso e manuseio destes produtos, evitando a contaminação do meio ambiente e do próprio corpo. Precisamos ter em mente que o agrotóxico pode ser útil, mas ele nada mais é do que um veneno. A sociedade deve estar atenta para exigir a cautela no uso de agrotóxicos, substituí-los por produtos de origem orgânica sempre que possível e evitar abusos.
Autor: Diego de Noronha Assini
Artigo publicado no jornal “Brazópolis”, edição de Outubro/Novembro de 2006
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