Coleta seletiva

O aproveitamento do lixo orgânico e do material reciclável – papel, papelão, vidro, plástico, alumínio – tem sido uma alternativa importante para a melhoria da qualidade ambiental, para a redução de perdas no aproveitamento de produtos e para o aumento da vida útil de aterros sanitários, assim como importante mecanismo para promover uma mudança nos hábitos da população.

A responsabilidade pela destinação final do lixo é da prefeitura a qual também tem sob seu encargo a difusão da informação necessária para o bom funcionamento desta atividade no município. Porém, não raramente, podemos observar a movimentação de determinados segmentos da comunidade que, tendo desenvolvido uma maior consciência ambientalista, passam a atuar como difusores de informação e cobrar dos órgãos competentes posturas e procedimentos mais adequados, assumindo assim uma participação ativa no processo de preservação e/ou recuperação ambientais.
A informação que muitas vezes não nos chega ou deixamos passar desapercebida pode fazer grande diferença em nosso dia-a-dia. Neste contexto podemos recorrer a Lei 12.040 de 1995 apelidada “Lei Robin Hood”, a qual favorece os municípios de menor porte e mais pobres com aumentos expressivos na quota do ICMS, um imposto estadual. Através do critério “meio ambiente” ganham os municípios que promovem a preservação dos recursos naturais, com a proteção legal de reservas ambientais, tratamento de seu lixo e esgotos sanitários. Os “sujos” perdem receita para os “limpos”. Essa lei procura uma distribuição mais justa e incentiva investimentos em áreas prioritárias como educação, saúde, agricultura, patrimônio cultural e preservação do meio ambiente.

Em Brasópolis, a coleta seletiva do lixo é terceirizada, ou seja, realizada por uma empresa contratada. Tal empresa é responsável pelo recolhimento, triagem (separação) e venda do material.
Segundo o Guia Coleta Seletiva para Prefeituras (2003), cada cidade deve contemplar no seu programa de coleta seletiva a remoção do lixo reciclável porta-a-porta (nos domicílios) e nos postos de entrega voluntária, os quais devem ser posicionados em locais estratégicos da cidade.

Em nossa cidade, segundo dados da Prefeitura Municipal, são produzidas cerca de 30 toneladas de lixo por semana e já existe um programa de coleta de lixo onde se separa o lixo seco do lixo úmido. O sistema de coleta ainda tem muito a melhorar, mas um dos problemas mais graves o qual exige mudança imediata é que a separação vem ocorrendo no próprio caminhão de coleta, sem maiores preocupações com a higiene e com a saúde da população, uma vez que bactérias e outros resíduos são espalhados pelas ruas durante o processo de separação.

É importante ressaltar que na execução da coleta seletiva, a compreensão e a colaboração da população são condições imprescindíveis uma vez que a primeira etapa deste serviço, que consiste na separação dos materiais recicláveis dos não recicláveis, ocorre no interior das residências, dependendo portanto exclusivamente do empenho de seus moradores. É necessário também que as pessoas trabalham na coleta sejam treinadas, que o processo de separação do lixo seja feito num local apropriado, e que tal prática seja cumprida rigorosamente segundo um procedimento padrão.

Embora a coleta seletiva ainda apresente problemas de ordem técnica e econômica, constitui-se em uma das metas a serem atingidas pelas comunidades que estejam preocupadas não apenas com a resolução dos problemas da destinação dos resíduos, mas acima de tudo, com a preservação de seus recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Cabe a população cobrar da administração pública uma postura mais rigorosa quanto a questões de cunho sócio-ambiental como esta, afinal, a comunidade paga pelo serviço e deve ter o direito de exigir que ele seja bem executado.

Autor: Diego de Noronha Assini

“Se quisermos ter menos lixo, precisamos rever nosso paradigma de felicidade humana”. Ter menos lixo significa ter…
… mais qualidade, menos quantidade mais cultura, menos símbolos de status
mais esporte, menos material esportivo
mais tempo para as crianças, menos dinheiro trocado
mais animação, menos tecnologia de diversão
mais carinho, menos presente…
(GILNREINER, 1992)

Artigo publicado no jornal “Brazópolis”, edição de Novembro de 2005.