A água em nosso muinicípio.

Quem nunca ouviu falar no famoso ciclo da água no ambiente? Aquele mesmo onde a água, após evaporada dos oceanos, cai na terra em forma de chuva, dali escorrendo pros rios e córregos através dos quais voltam para os oceanos. Este ciclo é bem conhecido por todos. O que talvez não saibamos é que as diversas variáveis ambientais características de cada região como clima, relevo, vegetação, uso do solo, geologia, etc, conferem a esta rota das águas peculiaridades regionais. Estando Brazópolis numa região de mananciais aqüíferos, é importantíssimo que saibamos um pouco mais sobre o ciclo da água neste tipo de ambiente, pois o tratamento que damos às nossas terras é determinante para termos ou não água em córregos e ribeirões ao longo de todo o ano. Podemos estar contribuindo fortemente com a ocorrência de enchentes e com a redução da vazão de ribeirões e rios em nosso município e em outros vizinhos.

Brazópolis possui como limite sul de seu município uma cadeia montanhosa que nos confere uma fartura hídrica razoável. Na região do bairro e Luminosa e do Alegre estão as áreas de captação de água da chuva que vão alimentar o nosso Vargem Grande. Quando a água da chuva cai nestas regiões e encontra condições propícias, infiltra-se no solo abastecendo os lençóis de água subterrânea (lençóis freáticos) as quais lentamente, ao longo do ano, alimentam o Vargem Grande. As nascentes nada mais são que o reaparecimento superficial desta água que infiltrou no solo. Ao mesmo tempo que temos fartura de chuva para abastecer nossas nascentes, também temos uma declividade do terreno muito acentuada o que propicia que grande parte desta água escorra superficialmente para os córregos quando cai em áreas cobertas por pastagens, culturas como algodão, cana e outras mais. Esta vegetação reduz a infiltração de água no solo contribuindo com as cheias repentinas dos cursos d`água. Parte das enchentes que presenciamos são causadas por esse tipo de situação.

Ao conversar com proprietários rurais do bairro do Alegre de Cima, ouvimos diversos testemunhos que falam sobre a redução do fluxo de água das nascentes, o que ocorria com intensidade bem menor anos atrás. Este fato é perfeitamente compreensível. Para cada nascente existe uma área de captação de água. A quantidade de água que infiltra no solo para alimentar as diversas nascentes é diretamente proporcional a cobertura florestal dentro de sua área de captação, ou seja, quanto maior for a cobertura florestal nestas áreas, mais água poderá ser fornecida às nascentes. As florestas possuem propriedades que estimulam a infiltração de água no solo, evitando que ela escoe superficialmente e rapidamente direto para os córregos, não passando por suas vias subterrâneas. Como podemos perceber facilmente, as áreas de floresta são muito escassas em nosso município. As matas de topo de morro são fundamentais para a manutenção desta água que jorra das nascentes. Elas são peças chave quando se quer trabalhar a quantidade de água que flui das nascentes ao longo do ano ao passo que conservar a vegetação no entorno das mesmas pode garantir a qualidade desta água. Um levantamento encomendado pela COPASA em 1997 aponta para uma média de 4 nascentes por propriedade rural na região de mananciais do Ribeirão Vargem Grande. Cabe aos proprietários destas terras destas terras zelarem pela manutenção deste precioso recurso. Maiores informações sobre conservação e recuperação de nascentes podem ser adquiridas diretamente na A ONG Grupo Dispersores. Deveríamos refletir: é justo que estejamos entregando para nossos filhos uma água tão mais escassa e poluída se comparada a que nossos pais nos entregaram?

Autor: Diego de Noronha Assini

Artigo publicado no jornal “Brazópolis”, edição de Maio de 2007