Auto educação ambiental – faça você a sua.

No mês de agosto, aproveitando as primeiras chuvas que vem com o início da primavera, o Grupo Dispersores iniciou as atividades de educação ambiental a serem realizadas nas nascentes manejadas pelo projeto De Olho nos Olhos. Até o término do mês de setembro, mais de 100 pessoas entre estudantes, educadores e voluntários de diversas áreas já haviam participado destas atividades que envolveram além da realização de dinâmicas educativas, também o plantio de mudas de espécies nativas da região e explicações sobre a importância das nascentes e do trabalho de revitalização destas desenvolvido pela entidade e seus parceiros.

O trabalho que a ONG desenvolve na linha de educação ambiental procura despertar dentro de cada indivíduo, independente de sua faixa etária, condição social, nível de instrução ou qualquer tipo de enquadramento, a consciência de que somos parte do ambiente em que vivemos e nossa qualidade de vida depende do tratamento que damos a este ambiente. A lógica é muito simples, e se trazida para a realidade de cada um, tendemos a crescer muito como indivíduo e sociedade. Aquela mesma filosofia de fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fosse feito também deve ser aplicada a nossa casa, a nossa rua, a nossa cidade, ao seres que coexistem conosco em nosso ambiente, ao nosso ambiente seja ele urbano, rural, florestal, costeiro, etc.

Até pouco tempo a sociedade não tinha consciência dos impactos causados por modelo de desenvolvimento ainda hoje predominante cuja base assenta-se no uso indiscriminado dos recursos naturais. Hoje não há quem não ouça falar pelo menos toda semana em preservação da natureza e desenvolvimento sustentável. O tema veio a tona não porque é moda, mas pela urgência de que fosse discutido e trabalhado.

Voltando a questão da educação para o ambiente, nós como organização que trabalha na área ambiental, todos os dias nos perguntamos porque tanta dificuldade em disseminar informação de forma que ela seja realmente absorvida e posta em prática. Por mais simples que sejam os conceitos que tenhamos pra passar, encontramos por vezes empecilhos enraigados na má vontade, na falta de maturidade de comunidades inteiras e por incrível que possa parecer, na teimosia. Muitíssimas pessoas teimam em não aceitar que seu comportamento, muitas vezes tradicionais, intocados por gerações, possam ser inadequados para a realidade atual. E o que dizer daqueles que teimam em não praticar ações básicas de importância mais que comprovada como participar de programas de coleta seletiva, não jogar lixo em vias públicas, respeitar a fauna e flora silvestres, economizar energia e água, etc. Por teimosia e preguiça não aceitamos uma opinião construtiva e permanecemos estagnados numa condição de atraso intelectual e social.

Nós, como tantos profissionais e instituições da área socioambiental, temos como parte de nossa rotina, insistir para que as pessoas passem a adotar uma postura mais condizente com a vida em sociedade, onde os impactos causados por cada pessoa multiplicam-se milhares de vezes, proporcionalmente ao tamanho da população. Como é impraticável exigir e fiscalizar a conduta que cada cidadão assume em seu dia a dia, sugerimos que cada um reflita consigo mesmo sobre o que realmente é certo e errado, que pense sobre uma opinião ou outra que possa ter ouvido de alguém sobre assuntos de ordem comum, e que seja assim um auto-educador. A sensação muitas vezes desagradável de ter alguém nos dizendo o que é certo, e como devemos nos portar, pode ser evitada se formos capazes de assumir uma postura condizente ao momento socioambiental em que nos encontramos, e isso se aplica a uma infinidade de situações que vivenciamos em nosso dia-a-dia. No dia em que, pelo menos uma grande parte da população se tornar uma auto-educadora ambiental, nós ambientalistas vamos poder investir o tempo gasto hoje em conscientização na materialização das idéias que maravilhosamente surgirão da cabeça de muitos.

Autor: Diego de Noronha Assini