Participação na reunião da Associação de Produtores do Bairro do Alegre e entrega das cartilhas

Descreverei aqui uma série de fatos que acabaram se desenrolando numa situação singular pela qual não esperávamos passar dentro do projeto “De Olho nos Olhos”. No dia 13 de fevereiro foi agendada com o Sr. Alfeu da Silveira, presidente da associação do bairro, uma reunião para o dia 21 com objetivo de discutir o andamento do projeto, quais serão seus próximos passos e entrega das cartilhas de proteção e recuperação de nascentes elaboradas pela ONG. No dia 15 de fevereiro foi realizada a palestra de divulgação do projeto já descrita acima. Nesta palestra, um dos temas abordados pelo técnico local da EMATER foi a “Campanha de Regularização do Uso dos Recursos Hídricos de Minas Gerais” promovida pelo Governo do Estado por meio do Instituto de Gestão das Águas de Minas – IGAM. A abordagem deste tema acabou trazendo algumas conseqüências inesperadas para nosso projeto. Na quarta-feira, dia 20, fomos ao Alegre de Cima para mais uma saída de campo quando encontramos um dos moradores do bairro inscrito no projeto. Eles nos disse na ocasião que o pessoal do bairro se revoltou com o projeto por nos associarem com a questão do cadastro da campanha do IGAM e este cadastro trazer gastos extras para estes produtores. A revolta foi tamanha que a faixa do projeto fixada nas grades da igreja do bairro foi queimada no mesmo dia da reunião onde o assunto foi tratado. Fomos até o bairro procurar alguns dos beneficiados pelo projeto para perguntar exatamente o que havia acontecido e tomar as devidas providências. Não encontramos ninguém na ocasião, porém ao retornar á sede do município encontramos alguns dos moradores os quais nos colocaram por dentro da situação. O que de fato ocorreu é que a informação foi repassada aos demais moradores do bairro de forma distorcida por um dos representantes da comunidade no encontro do dia 15. Este, após ouvir falar no tema pela primeira vez na palestra da EMATER e ter posteriormente discutido com um grande piscicultor revoltado com o fato de que iria ter de começar a pagar pela água que usa, tirou suas próprias conclusões e as divulgou no bairro. Nestas conclusões ligaram a cobrança pelo uso da água ao projeto de proteção de nascentes. No mesmo instante a notícia se espalhou e a comunidade se inflamou a ponto de queimarem a faixa do projeto. Com a reunião já agendada, seguimos o combinado e fomos no dia 21 ao bairro do Alegre de Cima, agora dando outro foco à reunião, para esclarecer todo mau entendido. Estiveram presentes nesta reunião 24 homens, 3 mulheres e 5 jovens. Foi exposto qual era o propósito inicial da reunião e que estaríamos tratando do tema de “campanha de regularização do uso da água” somente para desvincular tal tema do nome de nossa instituição, de nosso projeto, e para passar algumas informações mais concretas sobre o assunto as quais tivemos acesso por conta de uma palestra do IGAM realizada no dia 14/02 no município de Itajubá. Os participantes ouviram atentamente tudo que foi exposto e perceberam que o que realmente aconteceu foi informação passada de forma distorcida. Após esse entendimento o clima de tensão que existia no local foi amenizado e os participantes fizeram várias perguntas para tirar dúvidas as quais pudemos esclarecer quase todas. A revolta contra a cobrança para cadastro no IGAM continuou com o temor que represente mais um imposto a ser pago pelo produtor que já vive com tantas dificuldades. Nós não achamos estratégico para o projeto “De Olho nos Olhos” defender a necessidade do cadastro dos usuários para a conservação dos recursos hídricos de Minas. Ao fim da reunião os participantes de nosso projeto aparentemente estavam mais a vontade para continuar com as atividades, um dos participantes que anteriormente (dois meses atrás) havia desistido de participar, se interessou novamente, e apareceram mais alguns interessados na proposta. As cartilhas foram distribuídas para os beneficiados pelo projeto presentes na reunião e para os demais interessados. Os resultados da reunião foram bem positivos porém não pudemos fotografar nem passar uma lista de presença por conta do clima tenso que estava instalado no ambiente. A duas fotos aproveitáveis estão expostas abaixo.